terça-feira, 17 de novembro de 2009

Perdido

O que fazer quando nada mais faz sentido? Quando se luta para o aniquilamento da sua própria não-existência? Talvez eu esteja me enganando, não aceitando constatações simples para os meus problemas.

Se há outros em maior sofrimento, deveria eu me sentir culpado por tentar resolver essas questões filosóficas e existenciais? Deveria eu me sentir agradecido pela qualidade de vida que obtive do trabalho dos meus pais e ignorar totalmente a minha desesperança?

Será que por achar que nada mais faz sentido e que nada mais valha a pena me faz alguém que se sente superior a todos?

Depois de tempos, estou fazendo psicoterapia, coisa que talvez eu devesse ter feito tempos atrás. Não que venha a ser minha cura, pois acho que não tenho. Mas percebi que ao falar de mim mesmo a alguém que não seja próximo de mim e que esteja disposto a analisar e não julgar, talvez ajude. Nunca dei muita fé na psicanálise, sobretudo na atribuição de todos os problemas ao sexo, mas o seu desenvolvimento depois de Freud é promissor. Ao menos ajuda.

Não vou culpar minha mãe ou meu pai por eu ser deste jeito. Afinal, a culpa é sempre da mãe, certo? A verdade é que minhas implicâncias e a minha corrente do ser do contra são desencadeadas pelo meu desespero de querer me libertar das vozes alheias. Um pedido de socorro para o reconhecimento de minha individuação (Fátima Flórido César). Consigo me encaixar bem nos chamados "casos intratáveis".

Se pra Gikovate o egoísta é a pessoa que não se individuou, colocando o outro como senhor de suas frustrações, para mim ser generoso significa o silêncio repleto de palavras do outro, na negação de minha individuação em favor do outro. No fundo então, eu poderia estar sendo generoso por ser de alguma forma egoísta, algo completamente contraditório.

Explico: faço as vontades dos outros para culpá-los de minhas frustrações. Não consigo lidar com as expectativas do outro. Ainda assim, nunca me senti apto a mudar. Sempre achei que eu fosse assim e pronto.

Preciso do outro para existir. Se fico sozinho, contemplo o vazio. Se não me vejo, como os outros poderiam me ver? Se não me ouço, como os outros poderiam me ouvir?

Nenhum comentário:

Postar um comentário